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Pão condimentado fresquinho, ainda quente. Ao fundo, a versátil máquina de pão.
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As Delícias da Máquina de Pão
Rec 21-abr-2007 16:33
Há uns dois meses atrás eu me dei de aniversário uma máquina panificadora
Multi-Pane Britânia (um clone da Breadmaker
Model 5891 da
Sunbeam).
Pra quem não tem muita habilidade culinária como eu, a máquina é perfeita: basta despejar os ingredientes na cuba em uma certa ordem (líquidos primeiro, farinha e fermento por último e não deixar o fermento tocar os líquidos), apertar alguns botões para dizer o tipo de pão desejado e esperar. A cuba tem uma pá que mistura os ingredientes e sova a massa -- é curioso ver a mistura ir adquirindo o formato de uma bola à medida em que a máquina chacoalha e faz uns barulhos pulsantes.
Dependendo do programa selecionado (chamados "ciclos", feito máquinas de lavar), há um ou mais períodos de descanso para dar tempo às
Saccharomyces cerevisiae metabolizarem o açúcar e liberarem o gás carbônico que faz a massa crescer. Na fase final, uma resistência no corpo da máquina é ligada para assar o pão. Todo o processo é automático e não requer nenhuma intervenção. Certas receitas requererm abrir a tampa em certas partes do processo para acrescentar outros ingredientes. Pode-se também fazer pequenas correções: se a massa tiver ficado muito densa, acrescentar uma colher de sopa de água resolve. Se tiver ficado muito líquida, impedindo formação da bola, joga-se uma colher extra de farinha.
No ciclo "ultra-rápido", o pão fica pronto em 58 minutos, mas ele não cresce muito e tende a sair meio massudo. Na minha opinião, os melhores pães saem do ciclo "sanduíche", que leva algo em torno de três horas.
A máquina apita para avisar que o pão está pronto. A cuba é removível, o que facilita desenformar o pão, que fica mais ou menos com a forma/tamanho de um panetone. É preferível cortá-lo com uma faca elétrica de duas lâminas, pois o corte sai mais uniforme e minimiza os farelos. Nesse momento, sai aquela fumacinha (vapor d'água, na realidade) que lembra propaganda de margarina.
Se a receita não tiver nada que estrague rápido (ovo, por exemplo), pode-se colocar os ingredientes na máquina à noite e programá-la para deixar o pão pronto no dia seguinte, digamos, às 7h da manhã. Desde então, o meu despertador passou a ser o cheiro de pão que se espalha pela casa.
As receitas que vêm no
manual são passáveis, mas nem de longe fazem jus ao que a máquina realmente é capaz de fazer. A receita do meu pão diário está abaixo:
- 240 ml de água
- 1,5 colheres de chá de sal
- 2 colheres de sopa de açúcar
- 1 colher de sopa de leite em pó
- 2 copos de farinha de trigo especial
- 1 copo de aveia
- 2 colheres de chá de fermento biológico seco instantâneo
- 1 colher de chá de melhorador de farinha (opcional)
Prepare no ciclo sanduíche, especificando pão tamanho I (600g).
(Eu ainda não descobri do que esse melhorador de farinha é feito.
Tem
uma loja aqui em Recife
que vende para todas as padarias, mas não me ocorreu perguntar na
ocasião.)
Como o pão feito em casa não tem conservantes, ele fica velho mais rápido do que os da padaria ou os industrializados.
Há uma
lista de discussão e até uma comunidade no Orkut onde as pessoas trocam experiências, dicas, idéias e mutias outras receitas legais: pão condimentado, panetone, pão doce, geléia, massa de pizza. Nelas aprende-se algumas dicas: a umidade local e a temperatura afetam bastante o resultado. Descobrimos que quando a gente fecha as janelas da cozinha à noite, o pão sai bem melhor de manhã. No
manual em inglês, aprendi que a altitude também influi, mas como aqui em Recife estamos praticamente ao nível do mar, não se aplica ao nosso caso.
Esses sites têm muitas histórias, tanto de sucesso quanto de falha, de satisfação
quanto frustração. Pra nós aqui, a experiência tem sido positiva. Houve algumas
ocasiões em que o pão não saiu do jeito que queríamos e algumas em que o resultado
simplesmente não era comestível. Mas foram as exceções, não a regra. Consigo
lembrar de quatro vezes em que deu errado, mas perdi a conta das vezes em que
deu certo.
Limpar a máquina é fácil: o revestimento da pá e da cuba são anti-aderentes, de sorte que elas quase não sujam. É suficiente limpá-las com um pano úmido e lavá-las em água corrente uma vez por semana. O único cuidado é para não molhar a base externa para evitar que oxide.
Em alguns grupos de discussão vi gente reclamando que a borda do pão tende a ficar muito grossa e/ou escura. Isso é verdade, mas não achei nada demais. No ciclo sanduíche, a borda fica razoável. Depois que o pão esfria, a borda amolece, ficando indistinguível do pão de sanduíche comprado no supermercado.
Outra coisa que algumas pessoas reclamam é que a fatia tende a sair muito grande para colocar na torradeira. Ao meu ver, nada que cortar a fatia pela metade não resolva.
A minha eu comprei numa promoção do
Extra por R$ 264,00 (mais R$ 50,00 da garantia estendida de dois anos). Veja como são as coisas: nos Estados Unidos, essa máquina custa US$ 49,95, ou cerca de pouco mais de R$ 100,00. Ou seja: aqui ela sai entre 2,5 a 3 vezes mais caro!
Nerd como eu sou, não resisti a fazer uma
planilha com uma análise custo-benefício do meu pão diário. Descobri que ele sai cerca de R$ 2,00 mais barato do que o Pão de Aveia Light da
Wickbold disponível no
Pão de Açúcar (muito embora essa marca não seja distribuída aqui em Recife; uma pena, na minha opinião é a melhor marca de pão industralizado que há). Como aqui em casa a gente usa a máquina tipicamente uma vez a cada dois dias, isso significa que a máquina se pagaria em cerca de nove meses.
Pão bom, quentinho, todo dia de manhã cedo, com um mínimo de trabalho. Definitivamente recomendada!
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